quinta-feira, 9 de maio de 2013

EUGÊNIO COLIN - parte II

Biografia - parte II
(clique aqui para ler a parte I)

Logo depois de iniciar no comércio de riscos de bordados, amostras e desenhos para crochê, nunca mais abandonou a pintura, vivendo de sua arte, assinando cerca de 8 mil pinturas de paisagens, flores, naturezas mortas e retratos, pintor de serras e pinheiros, incursões ao modernismo e geometrizações, araucárias, mar. 

Trabalhava em cor e também em preto e branco (MOREIRA, 2004). Grande parte de seu acervo está guardada com suas filhas Ester, Raquel e seu sobrinho Célio. A família guarda cerca de 50 trabalhos dos seus 70 anos de dedicação à arte – “alguns estão à vista da família, outros estão amontoados em vários cantos da casa à espera de paredes mais adequadas a recebê-los” (MAZZARO, 2010).
Eugênio Colin. "Amanhecer". 1961. Óleo s/ tela. Tamanho 90 x 60cm. Figura extraída de um site de leilões: http://arteavenda.wordpress.com/2012/05/31/18/.

Acabou por trilhar seu próprio caminho com suas paisagens mas, talvez em razão da década de 50, em que o abstracionismo entra em voga nas artes, houve uma fase na obra de Colin em que foge de seu estilo, de uma maneira diferente de se expressar, com temáticas abstratas geométricas e figurativas geometrizadas (NUNES, 2008). Segundo a professora Nadja de Carvalho Lamas (apud NUNES, 2008), passou por uma abstração geométrica ingênua.

De 1959 a 1964 trabalha em Curitiba, vivendo como pintor. Nessa época tem afinidade com a igreja mórmon, o que resulta em trabalhos nos Estados Unidos, onde estão os dirigentes da igreja (NUNES, 2004).

Eugênio Colin. Título e dados da obra não referenciados. Fotografia de Juliana Rossi de imagem da pasta do artista no MAJ (Museu de Arte de Joinville).

Em 1963 monta sua própria galeria em atelier anexo ao edifício Rost, ministrando suas primeiras aulas de pintura até 1964.  No ano seguinte, muda-se para Curitiba, montando galeria própria e realizando diversas exposições, onde vive até 1970. Lá, foi pioneiro ao propor exposições ao ar livre (MOREIRA, 2004).

Segundo o Caderno de Aniversário do jornal A Notícia de 2011, em 1966 Colin é considerado o “melhor pintor paisagista paranaense de natureza viva” pela União Brasileira de Escritores (PR) e um dos melhores paisagistas do país.

Foto 3 x 4 de Eugênio Colin. Fotografia de Juliana Rossi da foto 3 x 4 que encontra-se na pasta do artista no MAJ.

Em 1981, Eugênio é homenageado no MAJ com uma sala especial durante a 11ª Coletiva de Artistas de Joinville. Em 1986, torna-se sócio fundador da Associação de Artistas Plásticos de Joinville, a AAPLAJ. Em 88 ganha referência no Indicador Catarinense de Artes Plásticas /MASC (MOREIRA, 2004) de autoria de Harry Laus como um dos artistas mais expressivos de Santa Catarina (NUNES, 2008).

Em 1996, aconteceu uma retrospectiva da carreira do artista com 46 telas expostas, intitulada “Eugênio Colin, 50 anos de arte”. Foram expostas paisagens naturais, matas, rios, florestas: frutos de influências de passeios pelo Quiriri e Cubatão, onde fazia os primeiros rabiscos e logo após fazia uma pintura (MOREIRA, 2004).

Eugênio Colin. Título e dados da obra não referenciados. É provável que seja uma foto de uma pintura mural de Eugênio. Fotografia de Juliana Rossi de imagem da pasta do artista no MAJ (Museu de Arte de Joinville).

No ano 2000, Colin sofreu um acidente vascular cerebral, sendo que naquele ano parou de pintar, segundo o sobrinho e genro Célio Colin. Em 2001 é homenageado pela AAPLAJ e Fundação Cultural de Joinville, na Sociedade Harmonia Lyra – “Tributo ao Grande Mestre Eugênio”. Indagado sobre qual seria seu melhor trabalho, respondeu: “aquele que eu vendo”; sua melhor fase artística? “É todo dia”; o dia de sua melhor inspiração? Colin responde: “Quando entra dinheiro no bolso, dá vontade de pintar mais ainda” (NUNES, 2008, p. 5).

Expôs fora de galerias, ao ar livre, em praças, e também em confeitarias, bibliotecas, hotéis, restaurantes – qualquer lugar era um bom lugar para se mostrar o trabalho (MAZZARO, 2010). Dirigiu escolinhas de arte em Curitiba e Joinville e é possível que tenha sido o primeiro arte-educador de Joinville. Expôs em diversas cidade como Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, além de suas telas circularem em países como Estados Unidos e Alemanha.

Eugênio Colin. Título e dados da obra não referenciados. Fotografia de Juliana Rossi de imagem da pasta do artista no MAJ (Museu de Arte de Joinville).

Segundo Moreira (2004), sua trajetória em Joinville é árdua e marcada por dificuldades pela conquista de espaços, pois Joinville é marcada pela herança da música e teatro, fruto dos primeiros colonizadores alemães e suíços. Também eram marcados por canto coral, grupos musicais e grupos de dança.

Observando arredores de Joinville e regiões do Paraná, Colin construiu seu aprendizado visual, resultando em seu estilo ao tratar de paisagens. Moreira (2004, p. 10) afirma que “nenhum artista local incorporou com tanta profundidade e naturalidade a atmosfera da Serra do Mar e o céu desta região. [...] Para Colin, a arte deve estar em qualquer lugar, para ser vista, apreciada e consumida”. Pintou especialmente paisagens de Joinville, das praias e dos pinheiros do Paraná (EUGÊNIO COLIN, 2011). 

Eugênio Colin. Título e dados da obra não referenciados. Foto de obra em restauração, copiada do blog da restauradora Mariá Pieri. Site: http://mariahpieri-restauracaoeconservacao.blogspot.com.br/2011/06/retorno-atecor.html 
(o contraste e o brilho da foto foram ajustados por Juliana Rossi)

Moreira (2004, p.13) afirma que “a produção artística de Colin não transgride normas, não propõe uma concepção nova para a arte, mas a sua contribuição cultural é de grande valia para a construção do pensamento visual em Joinville”.

Buscou espaço no momento em que a arte possuía dificuldades em uma Joinville pós-1945, pós Segunda Guerra Mundial em que, como várias outras cidades do Brasil, buscava por crescimento econômico e tinha pressa em criar e modernizar suas fábricas, além de organizar seu comércio local (MOREIRA, 2004). Talvez esses sejam os fatores que faziam com que viver de arte em Joinville fosse tão difícil; apenas Fritz Alt conseguia.

Foto do artista Eugênio Colin. Fonte: site de colunista social. Disponível em: http://www.colunista.com.br/tempo4.html

Transportava suas obras de bicicleta embaixo do braço. Num total, participou de cerca de 20 exposições nos mais diversos locais, além de 17 coletivas. Essa era uma importante marca do pintor – expor seus quadros em locais não acostumados com arte, seja ao ar livre ou locais comerciais (NUNES, 2008).

Depois de ficar debilitado com pneumonia, ser alimentado por sonda e ter emagrecido muito, Colin faleceu em 18 de junho de 2005, aos 88 anos vítima de uma insuficiência respiratória, vinte e oito dias depois da morte de sua esposa (MAZZARO, 2010). Morreu sem grandes riquezas, mas com um grande legado artístico.

(clique aqui para ler a parte I)




Referências

EUGÊNIO Colin: dono da paisagem. Jornal A Notícia, Joinville, 9 mar. 2011. Anexo, Caderno de aniversário do A Notícia, p. 31.

LAMAS, Nadja de Carvalho. Eugênio Colin: o pintor joinvilense. Faculdade de Arte do Paraná. Curso de pós-graduação em nível de especialização em Fundamentos Estéticos para Arte-Educação. Curitiba, 1992. 33p. 

MAZZARO, Rafaela. Joinvilense da gema. Jornal A Notícia, Joinville, 15 mai. 2010. Anexo, p. 1.

MOREIRA, Maurício. Eugênio Colin. Trabalho de conclusão do curso de História da Arte. Escola de Artes Fritz Alt. Professora Berenice Joanna Mokross. Joinville, 2004.

NUNES, Denise Cristina Torrens. Eugênio Colin. Trabalho de conclusão do curso de História da Arte. . Escola de Artes Fritz Alt. Professora Miriam Aparecida da Rocha. Joinville, 2008.