segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Busto de Orestes Guimarães

Esse texto sobre o busto de Orestes Guimarães, foi encontrado no site do ClicRBS. Foi postado por Izabela Lis em 2009 e conta com a participação do crítico de arte Walter de Queiroz Guerreiro com um texto sobre sua importância artística. Confira:

"A hora do nascimento

Busto de bronze de Orestes Guimarães exposto na Escola de Educação Básica Conselheiro Mafra, em Joinville
Imagem do gesso de Orestes Guimarães doado ao Museu Fritz Alt
Parte deste texto abaixo foi publicada na capa do caderno Ideias deste domingo. Leia o conteúdo, na íntegra, redigido pelo crítico Walter de Queiroz Guerreiro.

GESSO DOADO AO MUSEU CASA FRITZ ALT POSSIBILITA ANÁLISE MAIS PROFUNDA DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO ARTISTA ALEMÃO QUE MOROU EM JOINVILLE
Walter Guerreiro*
Em princípios deste ano, a doação de uma obra de arte ao Museu Casa Fritz Alt aclarou novos aspectos nos processos artísticos de criação do artista que viveu onde hoje é exposto seu acervo. Trata-se de um busto e gesso de Orestes Guimarães, doado por Ivo Koehntopp e que pertenceu ao pai Paulo Erwino Koehntopp (1910-1973), proprietário da Marmoraria A. Koehntopp & Cia. Ltda. Paulo Erwino foi amigo pessoal de Fritz Alt, companheiro de trabalho na execução de pedestais e túmulos e de muitas conversas e boemia. Se, inicialmente, pode-se pensar ser um busto idêntico ao bronze existente no Monumento da Escola de Educação Básica Conselheiro Mafra, no Centro de Joinville, olhando mais de perto, podemos notar diferenças substanciais que não foram causadas pelo transcorrer do tempo.

Voltemos às origens do monumento e ao período do governo municipal de Rolf Colin (1951-1956), sabendo-se pelo registro inicial de Silvia Heinzelmann que a obra é de 1955, embora o bronze não seja datado. O período de governo de Rolf Colin foi favorável a Fritz Alt, datando dessa época obras marcantes como o mural em mosaico da Biblioteca Municipal, o Monumento a Getúlio Vargas (inaugurado depois disso) e este a Orestes Guimarães.

Sabendo que Fritz Alt, ao realizar bustos de personagens históricos e mesmo em assuntos de seu interesse, partia de referências pré-existentes, buscamos as fontes iconográficas nos retratos de Orestes Guimarães.

Não encontramos imagens, embora tenhamos pesquisado nos jornais "Gazeta de Joinville" (1911) e "Commercio de Joinville" (1911), Arquivo Histórico de Joinville, arquivo do jornal "A Notícia" (1955), Arquivo Público do Estado de São Paulo e Divisão Iconográfica da Biblioteca Nacional. Aquela que deve ter sido fornecida ao artista, possivelmente pela prefeitura, perdeu-se.



O gesso e o bronze
Se compararmos as dimensões e imagens dos bustos em gesso e bronze, saltam à vista divergência já nas dimensões. Há uma diferença de 30 centímetros na altura. O rosto é mais alongado, sobrancelhas mais unidas, olhar tristonho, base do nariz alargada (embora possa advir do restauro posterior). Chamam principalmente a atenção, a existência de uma platibanda na base, formando degrau, e duas abas nas laterais com recorte em secção curva, injustificadas esteticamente, e que acarretariam problemas para uma futura fundição em bronze. Ora, o busto desde o desenho inicial foi projetado para ser encastoado no pedestal de granito, e se compararmos o formato das abas com o formato do topo do pedestal, fica claro que elas serviram como simulação do trabalho de cantaria, apontando protótipo com fins demonstrativos na encomenda.


Até agora, sempre tínhamos visto que a modelagem em argila do artista era a definitiva, bastando lembrar "A Onda e o Rochedo" e "O Índio" nos diferentes estágios, portanto, sendo a modelagem inicial a origem de um gesso idêntico ao bronze fundido, o que aqui não ocorre.

Este monumento aliás, é a única obra conhecida em que existe no baixo-relevo a inscrição "fundido por Fritz Alt e filho" (no caso, Gehrard), apontando para a importância dada. Além disso, nesse período, o pedestal conquista importância, havendo colaboração de Mário Avancini em dois casos, ambos apicoados em granito rosa de Garuva, o de Getúlio Vargas e este, executados na Marmoraria Koehntopp.

No de Getúlio Vargas, o pedestal escalonado tem uma secção curva na lateral direita que conduz o olhar para o busto, neste mais elaborado aproxima-se do impacto do Monumento ao Imigrante. Desde seu projeto original, a intenção foi de criar planos sobrepostos gerando volumes, aos moldes de Jobstschmidt, da Escola Bauhaus. Trata-se de uma forma concebida como sucessão de formas retas, colocadas proporcionalmente umas sobre as outras, um estilo que foi denominado "estilo arranha-céu" nos anos 30 e que, como art dèco tardio, aparece em São Paulo nos anos 40.

O monumento apresenta problemas de proporção entre as dimensões do busto e do relevo, e que agora, pensando no acréscimo dos 30 centímetros originais, alcançaria o efeito desejado. Mas o seu maior problema ainda está na implantação em local exíguo, faltando espaço de respiro no entorno do monumento para visualização adequada.

Obra criada com carinho, de um mestre para outro, mais uma vez o artista nos surpreendendo, no resgate de um processo artístico a que intuímos, nos desvãos da memória.

Onde ver o gesso
O Museu Fritz Alt fica na rua Aubé, s/nº, bairro Boa Vista, Joinville. Visitação de terça-feira a sábado, das 9 às 17horas, e domingo, das 11 às 17 horas.

Onde ver o bronze
A Escola de Educação Básica Conselheiro Mafra fica na rua Conselheiro Mafra, 70, Centro, Joinville. (este texto foi produzido antes do busto ser furtado na Escola)

Personagem materializado em bronze
O professor Orestes Guimarães (1871-1931) é figura quase esquecida, embora como personagem histórico ligado à educação em Santa Catarina tenha tido papel relevante. Em 1906, o governador Abdon Batista convidou o professor Orestes Guimarães, aluno de Caetano de Campos e mestre formado na primeira geração de normalistas republicanos, para implantar a reforma da Instrução Pública Pós Monarquia no Colégio Municipal de Joinville. Calcado em ideário republicano e positivista, Orestes Guimarães acreditava que a instrução pública deveria partir da formação de professores primários, através de valores de nacionalidade, higiene e, acima de tudo, obediência aos princípios fundamentais da democracia pelo respeito às instituições, liberdade de palavra, tolerância e fraternidade. Em 1911, com a reforma aprovada pelo governador Vidal Ramos, o Colégio Municipal de Joinville - que já havia sido Escola Pública do Padre Carlos desde 1882 e primeiro estabelecimento de ensino em Joinville - passa a ser o Grupo Escolar Conselheiro Mafra, com a substituição da escola primária com um único professor para a seriação, com múltiplos professores. Adapta-se, então, o prédio com maior número de salas, galpões, gabinetes administrativos, quadros negros, mobiliário escolar e, principalmente, literatura didática, conteúdo programático e sugestões de atividades didáticas.

* Walter de Queiroz Guerreiro é historiógrafo e membro
da Associação Brasileira de Críticos de Arte."

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Visita às obras públicas de Fritz Alt

Texto do site "Arte na Cuca":
"A equipe do Museu Casa Fritz Alt programa para o segundo semestre do ano cinco novas visitas comentadas que partem de manhã da sede do museu e seguem por um roteiro com cinco pontos de parada no Centro da cidade para conversar e conhecer in loco parte das obras produzidas para espaços públicos pelo escultor joinvilense [Fritz Alt].
Nos dias 24 de julho, 17 de agosto, 5 de setembro, 19 de outubro e 13 de novembro, turmas de até 13 pessoas contarão com transporte gratuito para cumprir um roteiro que começa pelo “Monumento ao imigrante” da Praça da Bandeira, segue em direção à Rua do Príncipe para visitar a fachada do Palacete Schlemm, passa pela Biblioteca Municipal Rolf Colin – onde os participantes conhecem o painel feito em mosaico – e pela Rua das Palmeiras para ver o busto “Dona Francisca”, antes de encerrar o roteiro na rua Ministro Calógeras, em frente ao restaurado painel de mosaico em pastilhas feito para a sede do SESI".
Confira na íntegra a notícia do site "Arte na Cuca".

Informações e agendamento via e-mail: educativofritzalt@gmail.com ou telefone (47)3433-3811

Monumento ao Imigrante. Foto de Juli Rossi.

domingo, 19 de agosto de 2018

Bate Papo sobre o escultor Mário Avancini

No dia 12 de julho de 2018 aconteceu um bate-papo sobre Mário Avancini no MAJ (Museu de Arte de Joinville) com Daniela Avancini, neta e produtora executiva, Luciano Coelho (diretor do curta-metragem), Juliana Rossi (pesquisadora) e Marli Avancini (filha e pesquisadora).


Foi uma tarde de conversa muito agradável, que contou com debates e reflexões sobre o papel do professor como incentivador e multiplicador e também de muitas memórias da arte em Joinville.

Confira duas notícias publicadas sobre o bate-papo:

OCP News, por Rubens Hersbt: https://ocp.news/cultura/maj-sedia-bate-papo-sobre-o-escultor-mario-avancini-nesta-quinta-feira

O Mirante Joinville, por Felipe Silveira: https://omirantejoinville.com.br/2018/07/11/maj-realiza-bate-papo-produtores-curta-mario-avancini/

Fotos do encontro:


Daniela Avancini, produtora e neta do escultor




 Fotos de Juli Rossi

sábado, 18 de agosto de 2018

Exposição "Revelação da Beleza"


Dos dias 05 de maio a 29 de julho aconteceu a exposição "Revelação da Beleza" no Museu de Arte de Joinville (MAJ), com obras de Mário Avancini. 

Leia a reportagem produzida pelo Arte na Cuca, por Walmer B. Junior: 
"Esculturas inéditas do escultor catarinense Mário Avancini podem agora ser vistas na exposição 'Revelação da beleza: a matéria esculpida por Mário Avancini' que segue com visitação aberta até o dia 29 de julho no Museu de Arte de Joinville (MAJ). A mostra reúne 73 peças da série 'Aconchego' pertencentes ao acervo do museu, muitas delas nunca mostradas ao público.
'Revelação da beleza' tem curadoria de Leticia Mognol e Marcio Paloschi e é financiada pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (SIMDEC). O projeto completo da exposição apresenta, ainda, um folder reproduzindo a imagem de algumas esculturas da série, além da projeção do documentário biográfico 'Decifrando a linguagem das pedras' de Luciano Coelho ao longo de todo o período de visitação.
Mário Avancini (Rodeio/SC, 1926) teve seus primeiros contatos com a pedra com o pai britador, aos 13 anos. Trabalhou como canteiro em São Francisco do Sul até mudar-se para Joinville, onde trabalhou tanto no calçamento de ruas quanto na escutura de peças figurativas para jazigos. Sua carreira artística iniciou-se na década de 60, quando tornou-se aluno de cerâmica e, mais tarde, professor de escultura da Casa da Cultura de Joinville. Reconhecido como um dos mais importantes nomes da escultura catarinense, morreu em 1992, aos 66 anos, deixando cerca de 2.700 peças distribuídas tanto em coleções particulares quanto no acervo de instituições públicas."
Confira alguns registros de uma visita à exposição:


Obra de Mário + Ronaldo Diniz (desenho em carvão na parede) nos fundos do MAJ

Obra de Mário + Ronaldo Diniz (desenho em carvão na parede) nos fundos do MAJ










Fotos de Juli Rossi

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Em 5 de maio foi realizada a abertura da exposição “Revelação da beleza – a matéria esculpida por Mário Avancini”, no MAJ. Ela prossegue até 29 de julho, no horário de funcionamento do museu, e contará com 73 peças da série “Aconchego”, pertencentes ao acervo do museu – boa parte delas nunca expostas e, portanto, consideradas inéditas. Venha conhecer um pouco mais da arte desse artista que é considerado “o poeta da pedra”.


(clique na img para ampliar)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Trabalho sobre Victor Kursancew


Os alunos que estão no último ano (3º ano) do curso de História da Arte da Escola de Artes Fritz Alt (EAFA) da Casa da Cultura Fausto Rocha Júnior, produzem trabalhos de conclusão de curso sobre artistas locais ou instituições culturais. 

Sob os cuidados da professora Miriam da Rocha (de História da Arte), esses trabalhos constituem um rico acervo de pesquisas sobre a arte local.

Em 2016, as alunas Silviane Hacke Pedroso e Valeria dos Santos Machado produziram um trabalho sobre o artista Victor Kursancew. Para conhecer o trabalho, clique no link abaixo.





* Montagem de fotos: À esquerda: KURSANCEW, Victor. Retrato do Sr. Moreira. S/data, 50 x 55 cm, óleo sobre tela. Centro: Rua da Água. Aquarela. 28 x 21 cm. 1972. Joinville/SC. À direita: título desconhecido. Lapis. 18 x 14 cm. 1960.